Por: Charles da Hora*
Não nascemos para ficar parados. É preciso sempre estar em movimento. E praticar alguma atividade física é essencial para todos, principalmente para aqueles da chamada terceira idade que, segundo o Estatuto da Pessoa Idosa no Brasil, começa a partir dos 60 anos. No entanto, vale ressaltar que há outras classificações de faixas etárias: idoso jovem, para os que têm entre 66 e 74 anos; idoso velho, entre 75 e 85 anos; e aqueles com mais de 86 anos.
Para os 60+ o ideal é combinar atividades que trabalhem todas as capacidades físicas. Seguramente, este deve ser o ponto de partida de qualquer rotina.
A mobilidade articular é a capacidade da articulação de se mover, ativa e voluntariamente, através de toda a sua amplitude de movimento possível, com controle e estabilidade. Importante não confundir com alongamento ou flexibilidade que é a capacidade passiva ou até ativa de um músculo se estender. Já a mobilidade envolve força, controle motor, estabilidade e coordenação ao longo da amplitude do movimento. Serve para melhorar a funcionalidade do corpo no dia a dia, em qualquer atividade física, e traz muitos benefícios:
– Previne lesões: articulações que se movem melhor e com mais controle estão menos sujeitas a entorses, distensões e inflamações.
– Melhora o desempenho esportivo: maior amplitude de movimento permite gestos esportivos mais eficientes e potentes. Exemplos: um agachamento mais profundo, uma braçada de natação mais ampla.
· Reduz dores: alivia dores associadas à rigidez muscular e articular, muito comum nas costas, pescoço e ombros.
· Aprimora a postura: combate os efeitos negativos de ficar muito tempo sentado ou em posições repetitivas.
· Facilita movimentos do cotidiano como agachar para amarrar o sapato, pegar um objeto no alto e virar o pescoço para estacionar o carro, entre outros.
– Melhora a circulação sanguínea: os movimentos ajudam a “espremer” e lubrificar as articulações, levando às mesmas nutrientes e removendo metabólitos.
Quando praticar
A mobilidade pode e deve ser praticada com frequência, como no aquecimento dinâmico antes de um treino (5-10 min), para preparar as articulações e aumentar a amplitude de forma segura e em dias de recuperação entre treinos pesados, para promover fluxo sanguíneo e aliviar a rigidez sem cansar o corpo. Quando ficamos muito tempo em uma posição e sentimos o corpo travado, uma pequena sessão de mobilidade pode trazer alívio imediato.
Não há limite de idade para incluir exercícios de mobilidade, na lista de tarefas a serem cumpridas diariamente. E vale ressaltar: ela se torna ainda mais fundamental com o avanço da idade, pois combate naturalmente a perda de amplitude de movimento, força e equilíbrio associada ao envelhecimento. É uma das chaves para manter a independência e a qualidade de vida na terceira idade.
É perfeitamente possível e comum praticar sozinho. Recomenda-se iniciar com exercícios básicos e focar na qualidade do movimento, não na quantidade e não forçar uma posição que cause dor aguda ou pontada. O ideal é fazer uma ou duas sessões sob a orientação de um educador físico ou fisioterapeuta, para aprender a executar os movimentos corretamente e estabelecer uma rotina personalizada. E lembre-se: a avaliação médica é fundamental antes de iniciar qualquer nova atividade.
*Charles da Hora é graduado em Educação Física pelas Faculdades Integradas Montenegro (Ibicaraí – BA; pós graduado em Treinamento Desportivo pela FMU (São Paulo – SP); e pós graduando em Treinamento Físico, Marketing e Vendas pela Personal Global Assessoria Acadêmica (São Paulo – SP).

Foto: acervo pessoal