Saúde e Bem-Estar

Muito além das rugas

Um dos desafios da maturidade é a pele saudável e a atenção e disciplina no trato com essa importante parte do corpo. Marcas de expressão, manchas escuras, ressecamento, erupções e uma série de outras intercorrências tiram o sono de algumas pessoas idosas. Estejam elas preocupadas com a vaidade versus os sinais de envelhecimento ou em vigília para “salvar a pele” da ação de agentes externos, sobretudo do sol. Para a médica Malba Bertino (*), especialista pela Sociedade Brasileira de Dermatologia – SBD e Associação Médica Brasileira – AMB, uma forma de interpretar a escalada de proteção é entender que cada década vivida tem uma função, definida como espécie de marco de responsabilidade.

O traçado cronológico da pele segue, conforme a dermatologista, uma ordem. Dos 20 aos 30 anos, o olhar principal é para a prevenção; dos 30 aos 40 anos, a orientação que ela dá no consultório é a respeito da importância de higienizar muito bem as áreas mais aparentes, usar produtos adequados ao tipo de pele, sem exagerar na diversidade de composições e marcas, e atentar sobretudo para a fotoproteção. E acentua: “não importa a idade ou a cor da pele, se blindar do excesso de sol com um bloqueador é o principal cuidado, além de outras formas de se proteger.

Pele madura

A partir dos 50, 60 anos, em particular a mulher, além de se precaver da exposição desmedida à luz solar, com muitas horas de atividades físicas ao ar livre ou ao frequentar lugares muito poluídos, precisa redobrar os procedimentos. “A pele se torna extremamente sensível e, em alguns casos, sofre mudanças em suas características, decorrente de alterações hormonais, advento do climatério e menopausa”, relaciona Malba. Uma ocorrência comum é o ressecamento da cútis, que acomete tanto mulheres quanto homens.

Se na fase do envelhecimento a pele se torna mais sensível, a recomendação é, de acordo com a especialista, evitar sabonetes muito alcalinos ou ácidos, que extraiam de forma mais radical a oleosidade, a proteção natural da pele. Para os pacientes, em especial aqueles em faixa etária mais avançada, indica loções de limpeza aplicadas para assepsia, de forma a manter a pele calma e livre de impurezas ou de alguma sobra de maquiagem. Antes de deitar, esse ritual se torna ainda mais necessário, adverte Malba que, caso a caso, inclui ainda algum tipo de hidratante.

O sol como vilão

A dermatologista faz uma analogia com o zelo que as pessoas têm, hoje, com a forma física, que contrasta com pouca dedicação à pele. “A gente brinca, às vezes, que um corpo perfeito nem sempre vem acompanhado de um rosto nas mesmas condições”, compara. E em seu receituário de procedimentos, sentencia que o sol é o grande vilão, cuja exposição sem critério é responsável pelas rugas, envelhecimento precoce e alguma intercorrência de saúde mais séria, se a negligência prosseguir com o avançar dos anos.

A médica frisa que não se trata de se tornar neurótico, mas de fazer a fotoproteção diária e, quando estiver sob o efeito dos raios solares na praia, piscina, caminhada ou em qualquer outra situação semelhante, ainda fazer uso de chapéu, boné. E reitera: aplicar um protetor mais potente, com atenção maior para rosto e dorso das mãos, considerado o ‘segundo rosto’, segundo ela.

Se a vaidade não é tão exacerbada nos homens como é no público feminino, o ressecamento acomete, indistintamente, os dois sexos. “Na fase dos 70, 80 anos, observo que a pele fica menos úmida e geralmente consigo introduzir uma rotina de hidratação para os homens, no pós-barba, porque são resistentes a aderir a cremes e cuidados frequentes”, testemunha a especialista.  Entre os representantes masculinos que passam em consulta, alguns até se submetem a tratamentos estéticos, revela Malba, mas se mostram pouco disciplinados para tratamentos de longo prazo.

Outros cuidados

A temperatura da água do banho é um capítulo à parte. A conduta correta, aconselha a especialista, é que esse momento da higiene corporal seja breve, sem o uso de acessórios como buchas, água em temperatura mais fria do que quente “um banho de recém-nascido”, compara ela.

Apesar de utilizar tecnologias de última geração para auxiliar na estética, a médica concilia seu conhecimento com a demanda que o paciente apresenta. Compartilha relatos de uma mulher mais longeva que anseia pela pele mais saudável, mas não deseja livra-se das rugas porque “elas têm história pra contar daquela existência”. Outra pessoa idosa que próximo ao casamento de um neto, seja uma intervenção mais efetiva no rosto, para adquirir uma aparência mais jovial.

(*) Malba Bertino é formada há 38 anos em Medicina, dos quais 30 anos com atendimento em consultório e clínica privada como dermatologista. Pós-graduada em Dermatologia pela Universidade de São Paulo – USP; é membro e especialista da Sociedade Brasileira de Dermatologia – SBD e Associação Médica Brasileira – AMB e filiada ao Conselho Regional de Medicina de São Paulo.

@bertinodermatologia