Longevidade saudável

Por: Maísa Braga Aguiar*

A longevidade saudável refere-se à extensão da vida com qualidade, onde o foco não é apenas viver mais, mas viver melhor, com saúde física, mental e social. Uma pesquisa sobre centenários e “SuperAgers” revela que fatores genéticos, aliados a estilos de vida, em conformidade com atenção à saúde, contribuem para uma vida longa e produtiva, com resiliência cognitiva e menor incidência de doenças relacionadas à idade.

A interação entre genética e ambiente é complexa. Embora alguns marcadores de genes tenham sido identificados, seu impacto pode ser menos relevante do que o de fatores ambientais e comportamentais.

‘Blue Zones’

As “Blue Zones” são regiões conhecidas por abrigar populações que se destacam pela longevidade saudável, como Okinawa, no Japão; Ikaria, na Grécia; e a península de Nicoya, na Costa Rica, entre outras. A literatura identificou várias práticas de estilo de vida comuns nessas áreas.

Nutrição e atividade física

Em regiões como Nicoya, na Costa Rica, a dieta é rica em alimentos de origem vegetal, como cereais e leguminosas, com consumo moderado de proteína animal. Em Ikaria, Grécia, há uma adesão significativa à dieta mediterrânea, que inclui azeite de oliva, frutas, vegetais e consumo moderado de carne.

A atividade física é parte integrante do estilo de vida, com muitos habitantes envolvidos em rotinas diárias que promovem o movimento, como jardinagem e caminhadas.

Contato social e espiritualidade

A interação social frequente e o apoio familiar são comuns, como observado em Ikaria, onde a maioria das pessoas relatou contatos sociais diários. A participação em eventos religiosos e a crença em Deus são comuns, contribuindo para um senso de propósito e bem-estar.

Em algumas zonas, como a Sardenha, há um consumo reduzido de álcool e tabaco, o que pode contribuir para a longevidade.

Como adotar mudanças?

O suporte profissional especializado, como o oferecido por geriatras e equipe multiprofissional, é essencial para implementar mudanças de estilo de vida de forma segura e eficaz. Isso é particularmente importante em populações idosas, onde a presença de comorbidades pode complicar a adoção de novos hábitos. Estudos mostram que mesmo em idades avançadas, a adoção de práticas saudáveis pode aumentar a expectativa de vida, mesmo na presença de doenças crônicas.

Portanto, a longevidade saudável é um objetivo multidimensional que envolve intervenções em várias áreas para promover não apenas a extensão da vida, mas também a qualidade dos anos transcorridos.

Dia Internacional do Idoso

Especialmente hoje, dia 1º de outubro, comemoramos o ‘Dia Internacional do Idoso’, um momento especial para honrar aqueles que trazem consigo a sabedoria dos anos e as histórias que moldaram nossa sociedade. A longevidade é um convite à reflexão. Em um mundo que valoriza a juventude, é fundamental reconhecermos a beleza da maturidade. Possamos, juntos, incentivar cada um na construção de uma longevidade saudável, promovendo ambiente onde todos os ciclos da vida sejam valorizados e bem vividos.

Que tal cada um, junto de suas famílias e amigos, criar suas próprias “Blue Zones”?

*Maísa Braga Aguiar é médica com Residência em Geriatria pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/EPM) e em Clínica Médica pela Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Atualmente, compõe o corpo clínico do Instituto Longevità e é médica assistente do Ambulatório de Longevos (acima de 80 anos) e de Geriatria do Esporte da UNIFESP. É também preceptora afiliada da Residência de Geriatria e Gerontologia da UNIFESP e pesquisadora nas áreas de longevidade, promoção à saúde, sarcopenia e demências na mesma instituição.

@maisageriatra

http://www.institutolongevita.com.br