Natália Dornellas transita nas áreas de publicidade e jornalismo, desde 2001. Sua familiaridade com a moda se intensificou com a graduação pela London School of Fashion, em Londres, e por sua atuação na revista L’Officiel Brasil. Despertou para as questões da longevidade no convívio com o pai idoso e, durante a pandemia, se dedicou ainda mais à causa ao criar o ‘Conversa de Vó’, seção em seu site que permite interagir, através de lives, com pessoas idosas 80+ do Brasil, Portugal e Estados Unidos. Se dedica também a outro projeto, o podcast ‘AsPerennials’, sobre a maturidade feminina. Em 2022, fundou a ‘Ong Avosidade’ que tem como meta combater a invisibilidade dos velhos e promover o letramento como ferramenta para ressignificar a terceira idade. Nesta entrevista exclusiva ao Afinaidade, ela opina sobre o modo de vestir dos 60+.
O que um homem ou mulher deve ter em mente na escolha do que vestir?
Sinceramente, hoje, com 48 anos, eu penso que o mais importante é estar confortável, se sentir bem. Conforto acima de tudo, mas um pouco de bom senso é aconselhável de qualquer forma. Se estiver num evento, local de trabalho, ainda vale levar em conta o código do lugar para não ficar muito diferentão. A não ser que o objetivo seja esse.
Se todo dia é dia para usar tudo (roupa, calçado, bolsa, óculos etc) o que
é um guarda-roupa ideal?
Nossa, eu realmente abandonei todas essas regras há algum tempo. Por exemplo, sofri uma vida pra caber com conforto numa calça jeans porque é básica e tal, mas não fico bem vestindo uma, então abdiquei. Só visto o que me favorece e, neste caso, meu guarda-roupas é restrito, pois praticamente não uso calças compridas. Não acredito em guarda-roupa ideal, é como colocar pessoas em caixas, isso é muito individual.
Estilo próprio ao se vestir é…
Do jeito que você quiser.
Você considera que há restrições de tipo de roupa e/ou cor para a vestimenta de homens e mulheres, que já passaram dos 60, 70 anos….?
Tenho pavor de ver essa pauta nas revistas e sites. Claro que não existe isso ou ao menos não deveria existir. Estamos em 2024, acabamos de sair de uma pandemia, vivendo uma crise climática e duas guerras. As pessoas ainda pensam em moldar o guarda-roupa alheio?
Concorda que a roupa é a segunda pele? Como se sentir bem nela?
Assim eu penso que deveria ser. Sempre usei roupa longe do corpo, mesmo sendo magra. Sou feliz assim, apesar de saber que sou diferente das mulheres da minha idade e que meu estilo não é, digamos assim, comercial.
Dá para ser elegante debaixo de um moletom? O que é ser elegante?
Claro que dá. Elegância vem lá de dentro. Tenho amigas muito elegantes por sua nobreza de alma. Quando as vejo costumo dizer que são chiques peladas e elas morrem de ir. Acredito nisso.