Beleza, Estética e Moda

No Museu da Moda de Belo Horizonte, toda beleza e originalidade dos figurinos de Clara Nunes

Além da brilhante carreira, iniciada na capital mineira, e sua consagração nacional e internacional, Clara Nunes marcou a história da música e exaltou a importância da moda na criação de uma identidade diversa, inclusiva e exuberante. Seria influência por ter sido tecelã, antes de chegar aos palcos? Talvez.

No Museu da Moda de Belo Horizonte, a exposição “Clara Nunes – Eu Sou a Tal Mineira” divulga, pela primeira vez em conjunto, 50 figurinos e adereços originais, assim como documentos, objetos, recortes de jornais e fotografias.

As vestimentas exclusivas da cantora, criadas pelos estilistas Arlindo Rodrigues, Geraldo Sobreira e Reinaldo Cabral, utilizam elementos como renda de algodão, bordados, sisal, cordas, búzios e conchas. E compõem o cenário visual da mostra, refletindo a pesquisa minuciosa da artista acerca da cultura e religiosidade afro-brasileira, realizada em suas viagens pelo Brasil.

O encontro com a música

Clara Francisca Gonçalves nasceu em 1942 na cidade de Cedro – que desde 1953 se chama Caetanópolis (MG) – filha do folião de reis e serrador Manoel Pereira de Araújo e de Amélia Gonçalves Nunes. Caçula de sete irmãos, ficou órfã de mãe aos seis anos. Seu pai, ela e seus irmãos trabalharam na fábrica de tecidos Cedro Cachoeira: Clara, como tecelã.

Cantou em coral de igreja e rádios mineiras até se mudar para o Rio de Janeiro, onde estabelece fortes vínculos com o samba, o Carnaval e as escolas de samba, especialmente a Portela, a sua escola do coração. Foi a primeira mulher a vender mais de 400 mil cópias com o LP “Alvorecer”, conquistando seu primeiro Disco de Ouro. Abriu caminhos para outros artistas e deixou sua marca inconfundível na cena musical brasileira. Faleceu em 1983. “Todas as pessoas têm uma missão, a minha é cantar”, dizia.

Foto: Ricardo Laf/PBH

Primeiro museu no Brasil

O Museu da Moda de Belo Horizonte – MUMO, inaugurado em 2016, surgiu como uma evolução do Centro de Referência da Moda, criado em 2012. Tornou-se então o primeiro museu público de moda no Brasil. Sua missão é preservar, pesquisar e difundir acervos referentes à moda na capital mineira, em suas múltiplas facetas, dialogando com a contemporaneidade e estimulando o pensamento crítico. Nesse sentido, pretende ser uma instituição de referência em memória, conservação e pesquisa de moda, indumentária e comportamento.

Instituto Clara Nunes

A memória de Clara Nunes é conservada muito antes da atual mostra do MUMO.Em 2005, foi criado o Instituto Clara Nunes que originou-se da necessidade de preservar e guardar o acervo da artista, composto por distintos tipos de objetos: documentos pessoais, fotografias, álbuns e recortes de jornais, imagens religiosas, adereços, vestimentas, fitas k-7, troféus, entre pertences diversos da cantora. Todo o material – até então guardado pela irmã de Clara, Maria Gonçalves da Silva – foi repassado por ela ao Instituto. O órgão atua em diferentes frentes culturais, tais como: atendimento a pesquisas acadêmicas e artísticas, apoio a projetos educacionais e parceria na realização de festivais.

Um ano para visitar

A Exposição “Clara Nunes – Eu Sou a Tal Mineira” pode ser vista no Museu da Moda de Belo Horizonte – MUMO até 15 de dezembro de 2025, de quarta-feira a sábado, das 10 às 18 horas.

prefeitura.pbh.gov.br/fundacao-municipal-de-cultura/museus/mumo

 ig @museudamodabh

fb @MUMOBH/

Fotos: Amanda Amorim

2 comentários

  1. No baile de formatura do meu irmão, fiz um conjunto de saia longa e top de renda dourada, com base em um dos costumes da Clara. Era uma gigante na voz, na luta e na aparência dela.

  2. Concordo com você, Rita. Clara Nunes era tudo isso e muito mais. Pena ter partido tão cedo. Saia longa e top de renda dourada? Deve ter ficado muito bonito e muito chique!

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