Educação e Cursos

Um cantinho e um violão

Aprender a tocar o instrumento se tornou diversão e arte para um grupo de alunos seniores, com benefícios para a saúde

A dinâmica das aulas de violão, destinadas a um grupo de entusiasmados aprendizes das cordas e arranjos, venceu até mesmo a reclusão da pandemia, com ensinamentos transmitidos em sessões online. Sob a batuta do professor Gustavo Ramos Ferraz, paulistano, 34 anos, mas que aos 10 mudou-se para Campinas (SP), Mestre em Música pelo Instituto de Artes da Unicamp, ensinar violão ao público longevo, desde 2020, não aconteceu ao acaso. No mestrado, conta, o tema da pesquisa havia sido: ‘Música e Violão para Maiores de 50 Anos na Era Digital. Compositor, não se intimida com o fato de ter quase a metade da idade de seus pupilos e já envereda em busca de novos conhecimentos, no campo da musicoterapia.

Gustavo Ferraz: “aproveitamento das aulas superou as expectativas”

Sobre os benefícios que a música promove, para a saúde e qualidade de vida, Gustavo afirma que consegue observar seus resultados na prática. Há 8 anos iniciou a experiência em casas de repouso de Campinas e região, quando recebeu o convite para ministrar oficinas de música e violão, inseridas no programa UniversIDADE, da Unicamp. “Foi daí que comecei a estruturar um método de violão, que batizei com o nome MusicaLIDADE 50+”.  O instrutorexplica que as aulas são ao vivo, porém online, além manter algumas gravadas, como material de apoio. “Assim o aluno pode aprender no conforto da sua casa, sem pressa e sem pausa, como eu costumo dizer”, reforça ao esclarecer que há, ainda, tempo dedicado ao suporte necessário para tirar dúvidas e avaliações do aprendizado.

Também há apresentações presenciais e em grupo, para esclarecer e estimular a prática instrumental juntos. “Nesses momentos, a força da comunidade de alunos aumenta a motivação coletiva e o aprendizado, acentua o mestre.

Ao considerar que os resultados obtidos com a classe de maduros superou suas próprias expectativas iniciais, ele festeja o feito das vídeo aulas, em pouco tempo, ampliaram a audiência e chegaram à outros estados do País. Sobre o quanto é satisfatório constatar o progresso dos alunos, Gustavo diz: “Recebo muitas mensagens com imagens gravadas por dia, que mostram a evolução individual e coletiva, decorrente do que foi ensinado. Pessoas com mais de 50, 60, 70, 80 anos ou mais aprendendo a tocar, cantar e solar no vilão do zero”, descreve orgulhoso. Segundo ele, os testemunhos, que inundam suas redes socais, não são apenas pela alegria de dominar o instrumento, mas pelo sonho realizado.  

Boa música, boa saúde

Se, conforme salienta Gustavo, educação musical e musicoterapia têm comprovação científica de que atuam na saúde física, emocional e mental, seu faro para a educação musical identificou a medida ao investir nesse recurso. “Para muitos a música proporciona conforto espiritual, por ser “linguagem sublime de expressão e sensibilidade humanas, capaz de permitir a conexão através de frequências superiores e proporcionar bem-estar”, ensina. E some-se o fato, no seu entender, de que manusear um instrumento musical ainda auxilia na coordenação motora, fortalecimento da memória, das conexões neurais,  expressão das emoções, entre outros ganhos.  “Música é qualidade de vida”, sentencia.

Entre os relatos, que frequentemente recebe dos alunos, um marcou em particular a trajetória do professor, quando uma aluna descreveu a grande emoção que sentiu em aprender a música ‘Parabéns `a Você’ e poder tocar ao violão no aniversário da neta.

Lurico Kimura: “violão é totalmente diferente e genial!”

A memória agradece

Para a aluna Lurico Kimura, de 69 anos, “tocar esse instrumento é como entrar num mundo onde tudo está bem, equilibrado, em paz, num estado de contentamento”. Ela, que teve os primeiros contatos com o violão nas aulas do UniversIDADE, mergulhou, com determinação ainda maior, nos ensinamentos online do professor Gustavo. Recorda do quanto foi bom ficar em casa e assistir às aulas, porque havia a restrição de circular durante a fase da pandemia. ”Me entusiasmei e estudei muito, o método é ótimo e com a prática constante consegui uma boa evolução”.

José do Nascimento: “tocar este instrumento é fascinante e prazeroso”

Lurico já havia frequentado curso de piano, mas além de nunca ter muito tempo para estudar com afinco, seus olhos se voltavam mesmo para o violão. “Esse instrumento me intrigava, queria saber onde estavam as notas musicais e como se construía um acorde no braço do violão. É totalmente diferente… e genial!”. Igualmente considera que, além do fato de ser prazeroso e antiestresse, melhora a memória, o raciocínio, a postura, e traz satisfação pessoal a cada vez que se vence um desafio. Barreiras diversas, segundo a aluna, “seja das mãos duras, a de tentar um som mais limpo, um acorde novo, uma música mais elaborada, um ritmo diferente”.

Desejo juvenil      

Uma vontade desde quando jovem. Assim era para José João do Nascimento, 69 anos, a intensa vontade de se tocar. Sem nunca ter tido contato com nenhum outro instrumento musical, ele integra a turma do MusicalIDADE 50+ e se dedica à familiaridade com as cordas e às técnicas para avançar no domínio do dedilhar. E não economiza nos adjetivos para elogiar o ato de tirar o som do violão: “fascinante, maravilhoso, prazeroso e capaz de elevar a autoestima”.

Seguro de manter-se frequente às aulas, José reconhece muitos benefícios decorrentes da prática musical. No seu entender contribui para a saúde mental, alívio da ansiedade e estresse, adicionada à alegria e ao prazer em conseguir manejar esse instrumento.

Crédito: Acervo do M50+

Mais informações:

https://musicalidade50mais.com.br/home

www.gustavoramosferraz.com

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