Um sessentão para lá de ativo, que mescla em sua rica trajetória profissional os papéis de desenhista, cartunista, jornalista, empresário e empreendedor. Assim é José Alberto Lovetro, o JAL, que dedicou uma vida à saga de transformar em humor, o clamor social e as agruras do cenário político.
Ele é mestre em fazer seu público leitor – quando na imprensa escrita, ou o telespectador – quando na televisão, se deparar com o tom ácido e ao mesmo tempo assertivo, assinalado em seus traços. Mesmo que o riso não seja capaz de remediar tudo sempre, JAL confessa a valentia que o leva a não desistir de sua arte, nem de seus projetos. “Se a gente se encosta, a gente morre”, profecia, para quem a vida é feita de sonhos e do desejo de realizá-los. Para esse comunicador inato, a meta deve ser a de perpetuar as ideias, a fim de deixar um legado para as futuras gerações. Prega sobre a importância de nunca esmorecer, mesmo com 100 anos, seja para dar continuidade a um projeto, visitar um lugar, formular ideias, enfim viver plenamente a longevidade.
“E fazer quadrinhos é uma das formas de transmitir a mensagem que se pretende”, exemplifica o desenhista. Também hábil com a escrita, ele que se formou na turma de jornalismo de 1977, da Faculdade de Comunicação Cásper Líbero, combina o texto com a desenvoltura do desenho. “O jornalismo me permitiu aguçar a criatividade e emprestou uma dose de sutileza ao meu trabalho”, considera, apesar de afirmar que o cartum é capaz de levar a mensagem até sem palavras.
Sobre algo que ainda não realizou, de imediato cita o sonho acalantado de ter um programa de humor na televisão para chamar de seu. JAL, que nasceu no bairro paulistano da Lapa e praticamente se criou no bairro da Casa Verde, não esconde que imaginava que, após os 60 anos, estaria numa praça jogando dominó. Mas seu espírito irrequieto o deixou bem longe desse estereótipo de vida pacata. Aos 68 anos, completados em novembro de 2023, ele constata que conseguiu ir além. “A cada momento precisamos ser movidos por um novo plano, forma de manter a saúde mental e a do corpo”, salienta. E empresta seu vigor, ainda, à causa comum da classe à qual pertence, uma vez que é o fundador e presidente da Associação dos Cartunistas do Brasil – ACB. Também é um dos mentores da Lei de Quadrinhos, que visa o estímulo à produção de quadrinhos brasileiros. Junto com o editor GUAL – parceiro de muitos projetos – criou o troféu HQ MIX, hoje em sua 36ª edição, considerado um dos mais emblemáticos e relevantes para as artes gráficas (charge, cartum, ilustração, quadrinhos e animação) da América Latina.
Trajetória de muitas faces
No percurso de sucessivas décadas, a partida foi dada com seu primeiro desenho publicado no suplemento “Quadrinhos” do jornal Folha de S. Paulo, em 1974, há exatos 50 anos. “Era um trabalho bem ruinzinho, porque eu nunca havia frequentado uma escola de desenho. Mas fui melhorando, com as publicações que ia fazendo”, relembra. Ciente de que atuar na seara do humor é algo desafiante, coleciona trabalho realizado na antiga Rádio Tupi, com um programa denominado ‘Artigo Primeiro’, numa referência ao texto da Constituição, emissora na qual atuava como jornalista e ainda reproduzia vozes masculinas e até femininas para as piadas sobre assuntos do dia. Também foi convocado a criar a abertura do programa ‘Os Trapalhões’, na TV Tupi e produtor e desenhista no programa diário, ao vivo, da Ana Maria Braga chamado ‘Mural’. Fez caricaturas para o ‘Quadro do Chapéu’, do programa Clube dos Artistas, do casal de apresentadores Ayrton e Lolita Rodrigues. Foi o idealizador de bonecos de políticos para a TV Abril São Paulo, em atração comandada pelos jornalistas Paulo Markun e Sílvia Poppovic. “Cheguei a trabalhar em várias TVs”, sintetiza JAL sobre a sua experiência com a telinha. Entre os prêmios nacionais e internacionais, ele recebeu o de Melhor Cartunista pelo jornal japonês Asahi Shimbun e também honraria, no exterior (Japão e Cuba), pela atuação no programa catavento’, da TV Cultura. Foi responsável pela página de humor da revista Semanário e pela volta do personagem ‘Amigo da Onça’, de Péricles.
E foi agraciado com o Troféu Vladimir Herzog de direitos humanos, por sua atuação na campanha ‘Diretas Já’, em 1984, como um dos criadores do boneco de Teotônio Vilela no comício do Anhangabaú, em São Paulo. Atualmente JAL comanda duas exposições de cartuns na Itália e está à frente do evento comemorativo dos 35 anos do Memorial da América Latina – uma referência cultural paulistana – a ser realizado em setembro (2024). Também sela parceria de 17 anos, por meio de sua empresa de comunicação, com o trabalho de assessoria de imprensa prestada ao ícone dos quadrinhos, Maurício de Sousa. Mas vai além na produção e criatividade. Seu trabalho na área de educação, com a Dra. professora da USP Sonia Bibe Luyten, pode ser visto gratuitamente na internet no site www.efeitohq.com.
Como encarar a própria maturidade
O humor não está presente apenas na atividade profissional de JAL, mas na sua forma de se deparar com temas como o processo do próprio envelhecimento. “É preciso manter o que tínhamos quando criança, uma vez que a maturidade atrapalha. Porque, pequenos nos mantemos abertos para criar, mantemos ativa a curiosidade e estamos abertos às descobertas”, relaciona. A leveza das brincadeiras e aventuras infantis e a pureza de valorizar as pequenas coisas devem, no entender dele, permanecer, porque nessa fase “somos livres, sem armação ou comportamento defensivo”. Ter humor e rir de si próprio são receitas das quais o cartunista JAL não abre mão, acrescido do conselho de sempre fazer o que se gosta.
Grande JAL
Que trajetória maravilhosa!
Obrigadão Ale! BeiJAL
Grande Jal.
Carreira brilhante, marcada pela ética, empatia e bom humor
Uma pessoa muito especial, que tenho a gratidão de tê-lo conhecido.
Sucesso sempre, Jal.
Obrigadão Bete!!!! BeiJAL!
Que orgulho do JAL, essa pessoa tão grande e carismática que se tornou meu amigo! Parabéns e muito sucesso sempre!
Obrigadão Marquinhos!!! BeiJAL!!!