Saúde, Bem-Estar e Alimentação

Viver e conviver com as limitações e as diferenças

Por: Maria Estela Escanhoela Amaral Santos*

Desde sempre deveríamos ter sido orientados a viver com as limitações próprias e as dos outros e, também, com o diferente. Seria mais fácil hoje, ao nos darmos conta de que não há milagre para o envelhecimento natural que chega para todos. Lançamos mão dos procedimentos estéticos, nos beneficiamos da evolução tecnológica ligada à saúde, possibilitando tanta gente seguir vivendo e bem com o coração remediado e algumas questões de saúde controladas. E não há o que fazer ao tentarmos lembrar nomes de pessoas, de filmes, de lugares e datas ao acionarmos nossa “caixa” de memória, a não ser insistir ou se sentir contrariado. E quando estamos com alguém que repete a mesma história, não adianta dizer “você já me contou isso”, a pessoa segue no seu relato porque há outras razões. Talvez por deparar-se e admitir uma das várias limitações como o que é difícil de ser encarado: quanto tempo me resta.

Com todo respeito ao ser humano, assim como um carro novo sai da loja ou concessionária já desvalorizado e sujeito a danos sob a condução do comprador, nós também, ao nascer, já nos encontramos expostos a todo tipo de intempéries, sem garantia de que permaneceremos vivos ou por quanto tempo viveremos e como.

Portanto, nós que aqui chegamos aos mais de 60, com o corpo fatigado, a mente superpovoada tentando filtrar entre o necessário e o prazeroso, o que podemos fazer para viver com dignidade e com o diferente, que espera de nós tolerância, cuidado e respeito?

Tente separar a estética da beleza. A estética é produzida e tem validade, a beleza vem de dentro, é espontânea e parceira da saúde. Cuide-se movimentando-se, buscando entreter-se com leituras, boas conversas, criando e mantendo laços afetivos. Enfim, escolha o seu jeito de envelhecer dignamente, respeitando-se e aos demais, especialmente os diferentes que são muitos.

Aqui está um dos meus modos de viver com prazer, cuidando de mim e respeitando os demais com suas limitações físicas e mentais. Jogo tênis num grupo de pessoas na faixa etária de 64 a 84 anos, no mínimo quatro vezes por semana. E ali nas quadras, a vida pulsa com força para todos.

*Maria Estela Escanhoela Amaral Santos é psicóloga e escritora. Doutora (PUC-SP) e Mestre (USP) em Psicologia Clínica. Psicanalista filiada ao IBPW (Instituto Brasileiro de Psicanálise Winnicottiana) e IWA (International Winnicott Association). Atendimento clínico a adolescentes, adultos e casais que residem no Brasil e no Exterior.

@mariaestelaescanhoela/