Experiência para guardar infinitamente na memória. Assim foi o intercâmbio para o aprendizado de língua estrangeira, realizado em 2019, por um período de três meses, sendo dois na Ilha de Malta, no Mediterrâneo e um em Londres por Ricardo Lopes, o Rica. Publicitário aposentado, sommelier, apaixonado por vinhos e por todo o conhecimento que cerca o universo da bebida, ele embarcou, aos 65 anos, com destino ao programa de imersão no idioma inglês para realizar um desejo antigo. Da rica vivência, segundo ele, trouxe na bagagem novos amigos e lugares visitados, maior domínio do idioma, além de reunir histórias para contar.
“Sempre tive vontade de morar fora, isso me acompanha desde a adolescência, quando não tinha condições econômicas para esse intento. Todas as tentativas de me ausentar do Brasil e de fazer uma pós-graduação na Espanha, por exemplo, acabaram frustradas”, conta Rica. Mas o objetivo de conhecer pessoas do mundo todo e novos destinos e culturas, na maturidade, encontrou um caminho: o programa de estudo do idioma. “Fiz muitos amigos e a troca com alunos de outras nacionalidade e idade foi algo maravilhoso”, resume o publicitário. Ele relembra, também, a flexibilidade em conciliar curso e passeios, somado à facilidade de frequentar aulas extras para aperfeiçoar a conversação.
As escolas frequentadas por Rica fazem a classificação entre as turmas com mais e menos 30 anos, inclusive em instalações distintas, para as aulas. “Em Malta eu era o mais velho da turma”, explica. Mas recorda que havia integração entre as turmas, no café durante o intervalo e nos passeios, sem qualquer tipo de impedimento ou preconceito. “Meu contato maior foi com os mais jovens. A ponto de uma aluna da referida faixa etária me pedir para posar para foto, com o objetivo de mostrar a um amigo sênior de que é possível fazer o intercâmbio após os 60, com toda a disposição e empenho”. E em Londres havia programas formatados até para os 80+.
O impulso
O interesse em se aprofundar no mundo do vinho aguçou o projeto de conhecer maior número de países produtores da bebida. Sentia que a dificuldade com língua estrangeira, mas especificamente com o inglês, limitava a nova empreitada. No máximo, segundo ele, conseguia circular pelos países da América Latina, além de Espanha e Portugal, onde não enfrentava a barreira do idioma.
E por que um destino europeu? Rica deixa claro que sempre teve fascínio pelo Velho Mundo: “o modo de vida, o comportamento, a cultura, tudo sempre me envolveu, quando em viagens anteriores”. Ele conta que ficava olhando as pessoas, só ou acompanhadas, se detendo horas num café, com o jeito muito próprio de ser. Isso, no seu entender, transmitia o real sentido de pertencimento em relação ao local em que vivem. Um apreço que pode ser remetido, ainda, à sua descendência alemã, pelo lado da avó materna e espanhola, origem do avô paterno. A influência germânica, no entanto, foi mais preponderante e, desde criança, absorveu costumes e a tradição que o aproximariam do modo de vida europeu.
O estudo
A definição pela Ilha de Malta se deu por julgar ser um ponto no mapa menos conhecido e visitado, “uma localidade pequena e perdida entre a Àfrica e a Itália, onde seria pouco provável esbarrar com brasileiros, o que o obrigaria a se comunicar em tempo integral em inglês”. Qual não foi a surpresa quando se deparou com a classe que comportava até 12 alunos, dos quais 7 eram seus conterrâneos. Entretanto, havia um acordo de não falar em português. “Quando algum colega cometia o deslize eu me negava a responder se não fosse em inglês”.
A permanência em Malta também possibilitou fazer passeios pelo Sul da Itália e visitar vinícolas. E toda segunda-feira havia a noite da pizza e vinho à beira-mar, oportunidade para sociabilização ainda maior, com asiáticos, europeus e sul-americanos.
Na fase seguinte, Londres para fechar o programa com chave de ouro. Rica relata que tinha uma meta: “eu queria me sentir um cidadão inglês, circular pela cidade, passear, usar o metrô como meio de transporte, enfim viver intensamente a experiência da vida londrina”. E assim aconteceu. Para ele também foram inesquecíveis as noites festejadas nos pubs, visitas gratuitas a museus e poder assistir musicais, tudo para aproveitar as horas de folga do curso. Um detalhe apenas: a pronúncia do inglês pelos locais gerava alguns entraves. Ao pedir um prato no restaurante houve dificuldade com a orientação da atendente. Em outra situação, um segurança solicitava revistar sua mochila o que levou um tempo para que ele compreendesse do que se tratava. Encerrado o mal-entendido, Rica o abraçou e, apesar do cenário londrino, o episódio ‘acabou em pizza’.
Que pessoa despojada!! Gostei da sua experiência.
O Rica Lopes é uma pessoa espetacular Tânia. E é um apreciador incontestável de vinho e viagem.
Essa história é fantástica porque mostra como nunca é tarde para se abrir para novos conhecimentos. Eu também quero aprimorar o meu inglês e esse relato me inspira a não desistir dessa empreitada.
O Rica Lopes tem um jeito inspirador mesmo Júlio. Que bom que o relato do entrevistado conseguiu ser motivador.
Muito legal, espintâneo e informativo
Muito grata Zedu pelo elogio. A arte de informar é nossa missão.