Dados e Estatísticas

Desafios e oportunidades do envelhecimento no Brasil

Por: Luciana Oliveira *

O Brasil é um país que envelhece à passos largos. Nada que já não fosse esperado, mas os dados do último censo do IBGE escancararam a necessidade de encararmos essa nova realidade de maneira mais efetiva.

São mais de 22 milhões de pessoas idosas no país, representando quase 11% da população e essa será a nova realidade etária. Por volta de 2030 teremos mais pessoas acima dos 50 anos do que jovens de 0 a 14 anos, trazendo grandes desafios nos diversos segmentos da sociedade, e dentro de um viés otimista, a perspectiva de muitas oportunidades de e para as pessoas idosas.

No conjunto de desafios, um fato relevante é o aumento da expectativa média de vida no Brasil: 77 anos (73,6 para homens, 80,5 para mulheres). Estamos vivendo mais, mas estamos vivendo melhor? Dados da pesquisa do Instituto Cidades Sustentáveis – Mapa das Desigualdades na Cidade de São Paulo apontam que a diferença de expectativa de vida entre as regiões mais ricas e as mais periféricas pode chegar a 20 anos.

Outro aspecto muito significativo, aliado ao crescente percentual de pessoas idosas e ao aumento da expectativa de vida, é a questão ligada às relações de trabalho e renda. Se por um lado, há parte deste grupo que poderá querer trabalhar como forma de contribuir com um propósito de vida, de outro haverá volume significativo de maduros que, para além da eventual aposentadoria, precisará seguir trabalhando.

Entretanto, as mesmas primícias que se apresentam como desafiantes, abrem um leque de alternativas interessantes, em especial na prestação de serviços para esse público. Pesquisas de mercado, relacionadas ao perfil do consumir acima dos 50 anos, mostram que a maioria se ressente da falta de produtos e serviços voltados para sua faixa etária e que se reconhecem pouco representados pelas marcas e propagandas.

Se as relações de trabalho estão em transformação, ampliar as alternativas de renda será uma necessidade e há pouca oferta de itens para esse público. Uma das principais oportunidades é, justamente, a estruturação de serviços para atender essas demandas latentes do consumidor 50+. Empreender para esse nicho e, principalmente, incentivar o empreendedorismo junto a ele sem dúvida trará chances significativas.

Repensar questões como moradia, acesso à saúde, ambientes seguros, transporte, segurança alimentar e lazer são algumas das pautas que precisam ser debatidas com urgência. Buscar e estruturar soluções inteligentes para essa nova realidade etária é obrigação da esfera pública e oportunidade de inovação além de novos mercados para a iniciativa privada. Sigamos!

*Luciana Oliveira é turismóloga e atua há mais de 30 anos nas áreas de Planejamento de Destinos, Benchmarking e Análise da Experiência de Consumo. Ativista da Longevidade por vivência e propósito. Leitora e livreira por paixão.

@emvelhasendo

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