Ele já completou 80 anos em junho de 2023, mas o viço de sua pele, a agilidade de seus movimentos e a permissão que seu corpo ainda dá para acrobacias nas aulas de ioga, tudo ignora a idade que figura no RG de nosso personagem. Nascido em Mirandópolis, interior paulista, José Edvardo Pereira Lima é jornalista, escritor, poeta, ator e diretor de teatro quando jovem, entre outras peripécias autorizadas pelo seu intelecto ativo e articulado. Conhecido pelos amigos como Zedu e Zedu Lima no trato profissional, é daqueles que usam as palavras com dosagem, quase farmacêutica, que combina elementos ácidos e doces.
No próximo dia 3 de fevereiro, o autor lança, em São Paulo, sua obra biográfica “Surfando nas Ondas dos 80”, que integra o acervo de seis títulos, de sua autoria.
“Na minha infância nunca pensei em me tornar escritor. Quando menino, sonhava em ser cantor. Cheguei até a fazer teste na Rádio Record, mas não voltei para saber o resultado”, recorda o eclético Zedu. Entretanto o caminho, da desistência em investir na voz até o desembaraço com as letras, não se delineou de forma instantânea. Ele conta que na infância nem chegou a ser um leitor assíduo. Já na adolescência experimentou um cenário mais estimulante, porque seguia os passos da irmã mais velha, esta sim leitora compulsiva que sorvia, página por página, obras de Machado de Assis, Jorge Amado, Lygia Fagundes Telles, só para citar alguns autores.
E a vida corria em seu curso e o gosto de Zedu o aprumava para o lado da literatura. “Mais do que influência, recebi o estímulo de duas figuras primordiais: Lygia Fagundes Telles e Ignácio de Loyola Brandão”, que mais tarde viriam a ser admiradores do escritor, com direito a elogios sobre a singularidade de seu estilo.
A inspiração na escrita de dois símbolos da literatura brasileira
Cara a cara com a escrita
A propósito, em 1978, no 2° Concurso de Contos Telesp (para funcionários da empresa de telefonia e Zedu era um deles), Lygia foi uma das juradas e classificou o conto do novato escritor, “Antes de ir para o banho”, em primeiro lugar. Na sequência, quando a autora lançou seu livro “Filhos Pródigos”, ele conta a glória vivida. “Quando eu levei o exemplar para o devido autógrafo, ela escreveu: “Para José Eduardo, excelente contista, desejando sucesso em sua carreira. Lygia Fagundes Telles”. E com Ignácio de Loyola Brandão a experiência de Zedu também foi cercada de generosidade. “Ele escreveu o prefácio do meu livro de crônicas “40 Viagens e um Roteiro”, lançado em 2012.
A evolução após os 80
Mesmo que nem de longe empenhado em fazer apologia da idade, Zedu revela com ar tranquilo como sente a chegada dessa etapa da vida. “Meus 80 anos me trouxeram uma segurança benéfica e necessária. Até então, havia sido muito impulsivo”. Reconhece ter conquistado mais leveza para fazer suas escolhas e, principalmente, não sofrer mais com a auto cobrança.
Assinala, que como bom geminiano, sempre buscou diversificar as atividades artísticas e culturais: jornalista, ator de teatro profissional, teatrólogo, diretor de teatro amador, escritor (cronista e contista) e poeta.
E mantém na vida o mesmo caráter do irrequieto camaleão. “É preciso manter sempre essa chama acesa. Não há nada mais desolador do que uma fogueira apagada”, ensina. Zedu classifica que é sempre tempo de se reinventar, com o seu exemplo de, à beira dos 80 anos e recluso no período da pandemia, ter escrito 42 poemas, embora afirme: “jamais pensei que tivesse talento para poesia”.
Que lindo!
Adorei conhecer sua história Zedu
Fátima, além do Zedu ter uma incrível história, é uma pessoa muito querida e muito especial.
Grata pelo seu comentário.
Abraço