Comportamento

“Si jeunesse savait, si vieillesse pouvait”

Por: David Leslie*

Ao ganhar mais idade, aprendi que jamais devemos confundir saber com sabedoria. Apesar de todo o avanço da tecnologia da informação e do desenfreado advento da incrível Inteligência Artificial, acredito que os futuros computadores serão, muito em breve, capazes de armazenar todo o saber do mundo. Entretanto, sem jamais adquirir um pingo de sabedoria (a excelência mental no sentido mais pleno, isto é, incluindo não somente o próprio conhecimento mas, principalmente, a habilidade de aplicar tal conhecimento às circunstâncias e situações da vida que, via de regra, resulta das nossas mais diversas experiências).

Henri Estienne (1528-1598) nos brinda com a sua famosa frase “Si jeunesse savait, si viellesse pouvait” (se a juventude soubesse, se a velhice pudesse) para tentar transmitir que “se os jovens tivessem, desde já, a sabedoria adquirida através da experiência e se os mais velhos conservassem força da juventude (interna e/ou externa) para realizar uma determinada tarefa, ação ou entabular um desejado projeto com a experiência e a sabedoria somadas através dos anos. Este seria, certamente, um mundo ideal.”

Lembro de uma historinha na qual o jovem pergunta para o mais velho: “Mestre, como faço para me tornar sábio?”  E o mestre responde: “com boas escolhas”. O jovem continua: “mas como fazer boas escolhas?” Diz o mestre: “com experiência“. O jovem insiste: “mas como adquirir experiência?” No que o mestre finaliza: “com más escolhas!“ Ou seja, a experiência deveria criar sabedoria, o que nem sempre é verdade. Nem sempre a experiência acumulada acompanha o número de anos vividos e, outrossim, nem sempre as específicas experiências serão aquelas que irão semear ou nos presentear com a tão desejada sabedoria.  

Verdade é que conheço muitos jovens bem mais experientes e bem mais sábios do que meus contemporâneos. Não sei se o fato se deve pelo acesso ou pelo excesso às oportunidades que o mundo de hoje lhes proporciona ou, mesmo, se o contínuo desenvolvimento genético tem algo a ver com a questão. Certamente, este é mais um tema que fomenta boas discussões e que merece uma boa dose de reflexão!

* David Leslie é autor de três livros. Atuou como consultor de marketing e desenvolvimento organizacional, promotor de eventos, palestrante e professor. Além das atividades de operador de turismo, agente de viagens, aeroviário e publicitário. Dirigiu empresas, entidades e associações, participou da implantação de hotéis. Entusiasta de cinema, música, artes plásticas, pintura, livros, passeios de barco e reuniões com amigos.

1 comentário

  1. Julio Camargo diz:

    Muito bom o texto. Eu aqui com 32 anos sendo inspirado por essas histórias. Tentando adquirir um pouco de sabedoria com aqueles vieram umas décadas antes de mim. Um abraço forte para o autor deste texto e para as idealizadoras do blog.

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